domingo, 12 de dezembro de 2010

Minha experiência com amamentação

Ilustração de Ivan Wasth Rodrigues (Brasil 1927-2008), para Casa Grande e Senzala em quadrinhos. No período da escravidão, o aluguel de amas-de-leite era uma atividade econômica importante. Não devia ser nada fácil amamentar os filhos da sinhá, sem saber o paradeiro de seus próprios filhos.


Sempre tive vontade de escrever esse post, mas ia adiando. Percebo na fala de várias mães que suas experiências com amamentação não tiveram muito sucesso, seja por dificuldade do bebê pegar o seio, seja pelas fissuras no bico, seja por problemas de saúde que levaram a interrupção na amamentação. Na verdade, são inúmeros os casos que impedem que o bebê mame por muito tempo. Eu não sei explicar o que faz algumas pessoas conseguirem e outras não. Posso deixar minha experiência, que tem dado certo.
Ana sempre mamou no peito, nunca precisou se alimentar de qualquer outro alimento; agora, com cinco meses, começou com outros alimentos, por orientação do pediatra.
Eu nunca me preocupei com essa coisa de amamentar, se ia ser fácil ou difícil; não tinha idéia que a coisa podia se complicar; não tinha sonhos, nem expectativas. Assim, como uma tábula rasa do quesito amamentação, fui fazer um curso ministrado por uma pediatra e foi o que me ajudou. Algumas regras básicas do que eu aprendi e do que vivi são:
1- O bebê aprender a mamar, acertar na pega. Mas como um bebê aprende a mamar, como fazemos para ele abocanhar toda a região escura do seio? Se colocarmos o nosso seio na boca de um recém nascido, ele, instintivamente, abrirá a boquinha. Eu passava o bico na boca do bebê, de um lado para o outro, até que ela abrisse bem a boca ( boca de peixinho), aí, então, eu colocava o seio para ela mamar.
2- Descansar, se alimentar bem e não se estressar: Descansei muito pouco, as horas em que ela dormia, eu tirava pra fazer outras coisas. Sempre me alimentei muito bem, com comidas ricas em vitaminas, proteínas e muito ferro. Como amamentar dá muita fome, eu tenho comido bem até hoje ( o que já está virando sem vergonhice da minha parte). Eu nunca deixei de comer porque tinha que cuidar da Ana; não consigo amamentá-la com fome. Se ela chora de fome e eu estou com fome, deixo- a com alguém ou a acalmo e preparo algo para comer. Se não der pra comer antes de amamentá-la, como amamentando-a. Não é maldade com o bebê. Pelo contrário, se eu me alimento bem, ela também se alimentará muito bem.
Quanto ao stress, sou estressada por natureza, mas a maternidade (não sei se são os hormônios) tem me dado muita paciência.
3- Escolher um local prazeroso para a mãe e para o bebê: No início, amamentar em livre demanda é muuuuito cansativo, tem hora que fica chato. Por isso, é bom amamentar num ambiente e fazendo algo que relaxe a mãe. É muito bom olhar para o seu bebezinho mamando em você, mas depois da centésima vez no dia (tudo bem, estou exagerando), você fica cansada, esgotada. Por isso, eu sugiro ler um livro, assistir TV, ouvir música ou até, bater papo enquanto amamenta. É claro que isso só depois que você e o bebê aprenderem a amamentação. Porque não tem nada pior do que estar em fase de adaptação e uma porção de gente palpitando.
4- Cuidado com os palpites: eu não passei por isso. No hospital, simplesmente peguei o bebê e tentei amamentá-lo. Sentia que as enfermeiras ficavam meio desconfiadas se eu estava realmente amamentando o bebê, pois não pedia ajuda e era mãe de primeira viagem. Minha mãe e minha sogra contam que não amamentaram por muito tempo por falta de orientação, suas mães ou tias 'mais experientes' diziam que seus leites eram fracos, por isso que o bebê chorava. Minha sogra deu mingau de maizena para o meu marido, com 3 dias de vida. Ele não morreu e, digamos, é mais inteligente do que eu, que mamei até os 3 meses de idade. (Pula essa parte)
5- Ter paciência e acreditar que isso é só uma fase que passa rápido: temos que ter em mente que não será sempre assim. No início, ficaremos em função do bebê, não tem jeito.
Eu confesso que amamentar no início foi muito chato e estressante, porque eu não podia fazer mais nada, mal dava pra comer, tomar banho, relaxar; era o tempo todo com o chimico de fora, amamentando.
Os dois pediatras pelos quais a Ana passou (o do primeiro mês e o atual) são bem radicais com essa coisa de amamentação. Para eles, amamentar exclusivamente até os seis meses, sem nada mais. Eu até estranhei do atual passar outros alimentos com 5 meses e alguns dias. Mas, segundo ele, isso não é matemática e não tinha problema nenhum começar um pouco antes ou um pouco depois.
O que eu pude notar nesses meses é que, tanto eu quanto a Ana, amadurecemos com essa coisa de mamar. Hoje em dia, tiramos de letra, o chimico rola em qualquer posição, local ou horário. Estou curtindo muito mais amamentar agora do que no primeiro mês. Confesso até que existe uma ponta de ciúmes pelo fato dela estar experimentando outros alimentos. Mas, mesmo gostando dos outros alimentos, ela pede o chimico. No meio da refeição, ela chora, dou um minuto de chimico e ela pára, olha para o teto, faz 'agú' e sorri. Aí, eu sei que está satisfeita.
Eu estou gostando muito dessa coisa de amamentar, é muito bom ver o bebê curtindo aquele momento, você saber que o que sustenta ele está em você, rola uma cumplicidade.
Eu pretendo amamentá-la até os 18 anos de idade (brincadeirinha, até os 17 e meio). Mesmo voltando a trabalhar, depois de um dia exaustivo, sentar no sofá, ou deitar na cama e dar tetê tão desejado para nós duas.
Eu não posso deixar de mencionar que estou usufruindo de uma longa licença para amamentá-la. A prefeitura do Rio praticamente me paga para amamentar por um ano.
Particularmente, eu não gosto muito do slogan da campanha de amamentação, essa coisa que amamentar é um ato de amor. Isso parece que, se você não conseguir amamentar seu filho, você não o ama. Esse tipo de coisa leva qualquer uma para o divã.
Voltando a minha experiência, ela tem sido tão boa pra mim que eu gostaria de viver disso. Fiquei pensando um dia desses, se pudesse, seria ama de leite. Imagina, amamentar vários bebês, ser paga por isso, e tratada como rainha para que o leite não secasse, com comidinhas gostosas e sem stress.
Brincadeiras a parte, penso que é uma experiência legal. Acho que esse post é dedicado para as futuras mamães. Meu conselho é que não se encham de expectativas, simplesmente deixe acontecer. Caso não consigam amamentar, não se sintam frustradas. Amamentar é apenas uma das infinitas experiências boas que teremos com os nossos filhos ao longo da vida.

3 comentários:

Mari Berçot disse...

Obrigada pelas dicas! Tenho mt receio de não conseguir amamentar, sou muito ansiosa e sofro por antecipação, estava preocupada pois não tinha saído colostro ainda, mas minha médica disse que é normal e essa semana descobri que está saindo algo diferente. Espero conseguir amamentar bem :)

Bjs

Ministério da Saúde disse...

Dê ao seu filho o que há de melhor. Amamente!
Quando uma mulher fica grávida, ela e todos que estão à sua volta devem se preparar pra oferecer o que há de melhor para o bebê: o leite materno.
É muito importante, tanto para o bebê como para a mãe, amamentar até os dois anos de idade ou mais. O leite materno é o únio alimento que o bebê precisa, até os seis meses. Só depois se deve começar a variar a alimentação.
Acontece que nem todas as mães sabem de todos os benefícios e deixam de amamentar mais cedo. Você pode ajudar nessa campanha divulgando materias e informações.
Caso se interesse pelo tema, entre em contato com comunicacao@saude.gov.br e participe!


Atenciosamente,

Ministério da Saúde

Mamãe do Matheus disse...

Oiii Flavinha...estou em falha aqui com vc né?!
Guria que coisa mais louca esse blospot.Teu blog não aparece mais nas atualizações pra mim...ainda bem que te peguei bem na horinha lá no twitter...rs*
Anotei o blog na agenda para não ter problema...hihihi...
Passei também para desejar uma boa semaninha e dizer como está linda a sua pequena...a cada dia mais fofa!
Beijo grande,
Danny e Matheus
www.mamysdematheus.blogspot.com

 
A Túnica da Ana